Sabes aqueles filmes de acção
em que as paredes começam a mover-se?
Ele continuava deitado de
costas, as mãos encenando uma coreografia caótica sobre o peito e os olhos
mimando o deambular agudo de um mosquito junto à fonte de luz que fazia o
branco tecto do quarto ainda mais pequeno.
Ela assentiu e ele recomeçou,
enquanto ela deslizava a mão esquerda sobre as virilhas sentindo o esperma dele
ainda quente e já frio.
As paredes a aproximarem-se. Ou
os tectos… os tectos que descem e estão quase a esborrachar o herói e o seu
séquito até que alguém descobre uma maneira de parar a engrenagem, há sempre
uma engrenagem escondida, ou outro alguém encontra uma passagem secreta para
outro espaço, há sempre uma passagem secreta. Sabes?
Com o dedo indicador da mão
esquerda ela massaja em pequenos círculos a parte interior da coxa direita
aproveitando o fluido cremoso que ainda corre. Agora quente e imediatamente
frio.
A vida é assim, mas não há
ninguém que te salve, não há outro espaço, não…
O dedo indicador da mão
esquerda dela pousa sobre os lábios dele no exacto momento em que o zumbido do
mosquito cessa e todo o silêncio da noite é ainda maior.
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