quarta-feira, 20 de maio de 2015

Melancolia ou acção

Sabes aqueles filmes de acção em que as paredes começam a mover-se?
Ele continuava deitado de costas, as mãos encenando uma coreografia caótica sobre o peito e os olhos mimando o deambular agudo de um mosquito junto à fonte de luz que fazia o branco tecto do quarto ainda mais pequeno.
Ela assentiu e ele recomeçou, enquanto ela deslizava a mão esquerda sobre as virilhas sentindo o esperma dele ainda quente e já frio.
As paredes a aproximarem-se. Ou os tectos… os tectos que descem e estão quase a esborrachar o herói e o seu séquito até que alguém descobre uma maneira de parar a engrenagem, há sempre uma engrenagem escondida, ou outro alguém encontra uma passagem secreta para outro espaço, há sempre uma passagem secreta. Sabes?
Com o dedo indicador da mão esquerda ela massaja em pequenos círculos a parte interior da coxa direita aproveitando o fluido cremoso que ainda corre. Agora quente e imediatamente frio.
A vida é assim, mas não há ninguém que te salve, não há outro espaço, não…

O dedo indicador da mão esquerda dela pousa sobre os lábios dele no exacto momento em que o zumbido do mosquito cessa e todo o silêncio da noite é ainda maior.

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